Mas não é isso o que ocorre, a começar pelo visual. O artesanal tem sempre uma casca de cor escura puxando para o marrom avermelhado como o de um açúcar no início do derretimento, indo até quase o preto quando de uma massa com alta porcentagem de farinha de centeio. Ao contrário, o caseiro tem uma cor amarelo pálida, chegando ao branco acinzentado.
A forma resultante da modelagem produz movimentos vigorosos no artesanal e tímidos no caseiro. Um é crescente como o desabrochar e o outro minguante aparentando uma forma apertada.
A faca ao cortar um pão artesanal revela um miolo de muitos alvéolos indicativos de uma correta fermentação contra o miolo fechado e poroso do caseiro.
O aroma que se desprende do artesanal preenche o ambiente pouco tempo após ter entrado no forno e assim prossegue quando sai e depois quando cortado.
Ele é inebriante e desconcertante, faltando palavras para uma melhor descrição. Só mesmo ao fazer um vai ser possível entender o que é a mistura celestial com o estado de felicidade.
Sem dúvida podemos alcançar este estado ao fazer o pão caseiro, ou qualquer outra atividade como a de colar um selo ou escovar os dentes todas as manhã por toda a vida.
O visual e o gustativo são acompanhados pela sonoridade resultante da musica emanada pelo craquelar da casca durante o resfriamento.
Porque essas coisas acontecem com um e com o outro não?
Como atingir todas essas características? Com amor ajuda? Veremos!
Essa é uma história que fica para uma outra vez e que vira no próximo post. PARTE III.
Você olha para esta fatia e sobre ela imagina uma fina lamina de presunto S. Daniele, ou um pedaço de gorgonzola dinamarquês, ou uma caponata trufada, ou ...
eu prefiro do jeito que viemos ao mundo, para que nada possa distrair o paladar, e esconder a beleza , ao longo de deliciosas mordidas.
É a representação de um estado de espirito no seu mais puro deleite.